Olá, amigos! É o Antônio Albaneze de novo, do Restaurante Mangaba. Hoje eu quero conversar com vocês sobre uma verdadeira joia da culinária mato-grossense, um doce que me pegou de surpresa e que hoje é um xodó por aqui: o Furrundun.
Quando a gente fala em doces brasileiros, geralmente pensamos nos mais famosos, né? Brigadeiro, beijinho, pudim... Mas o Brasil é um continente de sabores, e em cada canto a gente encontra maravilhas únicas. O Furrundun é uma dessas descobertas que eu considero um privilégio ter feito. Ele vem lá de Cuiabá e é a prova de que a simplicidade, às vezes, é o caminho para o sabor mais complexo e reconfortante.
Mas o que é esse tal de Furrundun, afinal?
Pra quem não conhece, o Furrundun é um doce feito principalmente com mamão verde ralado, rapadura (ou açúcar mascavo), especiarias e, por vezes, gengibre e coco. Parece simples, e é! Mas a forma como esses ingredientes se unem e se transformam é o que o torna especial. É um doce com uma textura única, que me lembra um pouco compota, mas com um toque mais rústico e um sabor que te abraça, sabe?
Minha primeira experiência com o Furrundun foi numa viagem a Mato Grosso, há alguns anos. Eu tava lá pesquisando novos sabores, e um amigo me indicou. Fui meio cético, confesso, afinal, mamão verde? Mas quando provei, foi amor à primeira colherada. Aquela combinação do doce da rapadura com o frescor do mamão, as especiarias quentinhas... me transportou. É como se ele contasse uma história de gerações em cada mordida.
Os Elementos Essenciais para o Autêntico Sabor
Não tem muito segredo, mas a qualidade dos ingredientes faz toda a diferença. A gente no Mangaba sempre busca o melhor, e pra um doce como esse, que é tão "raiz", a matéria-prima tem que ser top.
- Mamão Verde: A estrela do show. Ele tem que ser bem verde, firme. É ele que vai dar a textura e a base de sabor.
- Rapadura ou Açúcar Mascavo: Eu prefiro a rapadura. Ela traz uma profundidade de sabor que o açúcar branco não consegue. Aquele toque caramelizado, terroso... é o coração do Furrundun.
- Cravo e Canela: Ah, as especiarias! São elas que dão aquele cheirinho de casa de avó, de aconchego. Eu gosto de usar em pau e em rama, pra que o sabor infunda lentamente.
- Gengibre (opcional, mas eu adoro!): Uma raspinha de gengibre fresco dá um toque picante e refrescante que eleva o doce. Pra mim, é quase obrigatório.
- Coco Ralado Fresco (opcional): Se você quiser um toque a mais, coco ralado fresco no final adiciona textura e mais sabor tropical.
Minha Visão sobre o Preparo e Por Que Ele é Tão Bom
O processo de fazer Furrundun não é complicado, mas exige paciência. É basicamente ralar o mamão verde (depois de descascar e tirar as sementes, claro!), levar ao fogo com a rapadura desmanchada e as especiarias, e deixar cozinhar lentamente. Mexendo de vez em quando, até a água secar e o doce atingir a consistência ideal. É um cheiro que toma conta da cozinha e que já te prepara pro que vem pela frente.
Pra mim, a beleza do Furrundun está na sua simplicidade e autenticidade. Ele não tenta ser nada que não é. É um doce que representa muito bem a culinária regional brasileira: usa ingredientes locais, tem um preparo que respeita o tempo e entrega um sabor que conforta a alma. É o tipo de comida que te faz sentir em casa, não importa onde você esteja.
Aqui no Mangaba, a gente serve o Furrundun de algumas formas. Às vezes, puro, pra destacar o sabor dele. Outras vezes, acompanhado de um sorvete de creme caseiro ou um queijo minas frescal. A combinação do doce com o lácteo é imbatível, na minha opinião. Dá um contraste delicioso de texturas e temperaturas.
Então, se você tiver a chance de provar ou de fazer um Furrundun, não hesite! É uma experiência que vale a pena. E é por isso que eu amo tanto a nossa culinária brasileira, ela sempre guarda surpresas deliciosas. Um abraço e até a próxima dica do chef Antônio Albaneze!